Investigação da Polícia Civil identificou que criminosos ‘desistentes’ ou expulsos de uma facção criminosa predominante em Mato Grosso tentaram ‘fortalecer’ um novo grupo, com apoio de uma facção de São Paulo. O objetivo inicial era apenas matar os rivais e dominar o território em Sorriso e Região.
Conforme o delegado Antenor Pimentel Marcondes, a relação entre os faccionados dentro da estrutura é complexa. Há aqueles que desistem de participar, seja por conflito ou por injustiça e há aqueles que são expulsos. E, por isso, muitos têm a morte decretada.
“Essas pessoas têm duas opções, ela foge do Estado ou ela permanece aqui, mas ela ter que se fortalecer de alguma forma. E é o que eles fazem. Eles montaram uma facção de desistentes e, em algum momento, eles foram abraçados pela facção paulista”, disse o delegado.
Segundo o delegado, a investigação apontou que esse grupo tinha uma atuação despropositada. “É eliminar, basicamente é eliminar, tanto é que implica em aumento de homicídios registrados”, disse.
A investigação deu origem a Operação Yang, deflagrada na manhã desta quinta-feira (3) pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Delegacia Especializada de Repressão ao Crime Organizado (Draco) e Delegacia de Sorriso.
Ao todo, 21 pessoas foram presas nas cidades de Nova Canaã do Norte, Cáceres, Várzea Grande, Santa Inês (MA), Belém (PA), São José dos Pinhais (PR), Osasco (SP) e São Paulo (SP).
Estrutura da facção
A investigação aponta que a facção criminosa era altamente estruturada com divisão de tarefas e hierarquia clara (por meio de Regionais, cargos e funções), objetivando vantagens ilícitas através de práticas penais graves como homicídios, tráfico de drogas e sequestros.
A estrutura contava com a ocupação de cargos específicos como “Geral do Estado”, “Coringa Geral”, “Hórus”, “Regionais”, “Disciplina”, “14”, “missionário”, “irmão”, “companheiro” (CP) e “família” (FML), sendo cada função responsável por atribuições operacionais ou disciplinares dentro da estrutura da organização criminosa.
O controle dos integrantes e das atividades da facção criminosa era mantido por meio de uma lista denominada “Tabuleiro de Numerada”. Através das investigações, evidenciou-se que a lista funcionava como instrumento de gestão interna da organização criminosa, contendo cadastros organizados por nomes, vulgos, regionais e aplicativos usados pelos faccionados, permitindo controle e atualização constante.
Os integrantes da organização criminosa utilizavam símbolos próprios, expressões codificadas e difusão de estatuto e cartilhas para padronização da conduta e coesão interna, expansão territorial e supremacia da facção criminosa armada sobre facções rivais, especialmente sobre o grupo criminoso, que comandava a região anteriormente e que foi alvo da Operação Recovery, de 2023.
Interações criminosas
As investigações apontaram que os integrantes da facção criminosa tratavam diversos assuntos relacionados à atuação do grupo, sendo palco para discussões que abrangiam desde a execução de homicídios de rivais (mencionados como lixos), sequestros, tráfico de drogas, aquisição e exibição de armas de fogo (ferros), além da divulgação de vídeos com imagens de cadáveres de inimigos, como forma de exaltação e intimidação.
Além disso, também tratavam da proteção de familiares, disseminação de ordens e planejamento de contra-ataques, tudo de forma estruturada e ordenada, bem como com absoluto comprometimento à facção.
Por Gazeta Digital